Mônica Rodrigues da Costa
Comentários culturais para crianças e adultos lerem juntos
Perfil Comentários e dicas culturais, literatura, teatro, HQ, circo, cinema, artes plásticas, entre outras
Perfil completoHistória de Fernando Anhê
26/05/12 09:00História de Fernando Anhê
20/05/12 09:00História de Fernando Anhê
19/05/12 09:00História de Fernando Anhê
13/05/12 09:00História de Fernando Anhê
12/05/12 09:00Visite o site Panis e Circus
08/05/12 23:55
Caro leitor:
A partir de hoje, você continua a ler meus comentários no site Panis & Circus.
Espero sua visita.
Grata, sempre, pela leitura!
Siga o link:
http://www.panisecircus.com.br/
Documentário sobre reciclagem de lixo e Feira de Trocas do Cineclube Crisantempo
08/05/12 09:30Em todos os primeiros domingos de cada mês, ocorre a Feira de Trocas do Cineclube Socioambiental Crisantempo.
Pais e filhos selecionam em casa objetos que ainda são bons para uso e levam até esse espaço, na Vila Madalena, na cidade de São Paulo.
Trocam seus objetos por carrinhos, bonecas de pano, canecas, CDs, DVDs e livros com novas aventuras.
Há instrumentos musicais, bijuterias e roupas com modelitos caprichados. A feira permite ainda a troca de peças de decoração, plantas e alimentos saudáveis.
Muitos lanches saborosos são compartilhados durante a feira.
Essa atividade é conhecida como prática da “economia solidária”.
Anote em sua agenda: em 3 de junho, a próxima feira integrará a Virada Sustentável.
Cineclube
Todas as quintas, às 20h, há exibição de filmes, com entrada gratuita e solidária, no cineclube do espaço Crisantempo. É preciso estar no local com meia hora de antecedência.
Os filmes são sempre seguidos de conversas com estudiosos sobre o ambiente.
Em 10/5, será exibido o filme “À Margem do Lixo” (2008), de 84 minutos, que foi dirigido por Evaldo Mocarzel. Trata-se de documentário sobre catadores de papel e lixo reciclável.
Siga o link:
Onça suçuarana é metáfora em canção "dermanchada", de 1927
07/05/12 09:00Uma imagem forte desse felino (Felis concolor) está na canção de Hekel Tavares e Luiz Peixoto, gravada por Maria Bethânia no CD “Brasileirinho”, de 2003.
A canção, criada em 1927, representa a onça em forma de um jovem sedutor que provocou abalo na protagonista da canção.
Eu ouvia “Suçuarana” no início da década de 1970, cantarolada por uma grande amiga, Anamelinha de Carvalho, que morreu de derrame aos 32 anos. Era filha do artista plástico Genaro de Carvalho (1926-1971).
Anamelinha cantava da forma como ouviu da babá quando era ninada em criança. Fiz o mesmo com meus dois filhos, na infância deles, cantarolando a incrível canção de amor e dor.
Anos mais tarde, ao ver o DVD “O Povo Brasileiro”, sobre a obra de Darcy Ribeiro, com direção de Isa Grinspum Ferraz, aprendi com o depoimento de Antonio Candido nesse filme que se tratava de um “dermanchado” sertanejo.
É gênero ou fenêmeno nativo na cultura brasileira. Os artistas populares conhecem a música e a recriam, “desmanchando-a”.
Vale reproduzi-la como a ouvi (abaixo) e conferir as variações com a letra da música na interpretação de Bethânia e Nana Caymmi, no filme mais abaixo.
Faz três semana,
Foi na festa de Sant’Ana,
Que Zezé Suçuarana
Me chamou pra conversar.
Dessa bocada,
Nós saimu pela estrada,
Ninguém não dizia nada,
Fumu andano devagar.
A noite veio,
O caminho estava em meio,
E veio aquele arreceio,
Que arguém nos pudesse ver…
Eu quis dizê:
“Suçuarana, vamu embora”,
Mas, Virge Nossa Senhora,
Cadê boca pra dizê?
Mas, de repente,
Do mundo já bem distante,
Nós paremu um instante,
Prendemu a suspiração.
Envergonhado,
Ele partiu para o meu lado,
Ó Virge dos meus pecados,
Me dai a absolvição.
Foi coisa feita,
Foi mandinga, foi maleita,
Que nunca mais se endireita
Que nos botaru, é capaz!
Suçuarana,
Meu coração não se engana,
Vai fazer cinco semana,
Tu não volta nunca mais.
Onça suçuarana e a criação do mito-poema
De acordo com o blog “Bichos” da “Folha.com”, esse felino tem coloração parda, ampla distribuição nas Américas e habita todos os tipos de bioma. Com hábitos noturnos e solitários, caça ao entardecer e esse é seu momento de maior atividade. Depois, some na mata.
O que tem a ver com a canção é o comportamento. O personagem Suçuarana aparece, e a moça se apaixona quando a noite vem. Nunca mais ele volta. A relação entre os personagens da canção exemplifica como as metáforas são formadas no campo da poética.
Todos os mitos com animais são etiológicos e a cultura brasileira possui acervo imaginário fértil. A onça habita os contos de Guimarães Rosa e muitos poemas da língua portuguesa. Mas essa história fica para próximas postagens.
É pena que a suçuarana esteja ameaçada de extinção. Quando um animal é extinto, perde-se com ele a renovação linguística da espécie humana.
Segue link (para assinantes):
Sobre os criadores da canção, Hekel Tavares e Luiz Peixoto
O alagoano Hekel Tavares é pouco conhecido hoje, mas tem verbete na Wikipedia, que destaca que o compositor, embora tendo trabalhado com música erudita, foi influenciado pelos cantadores de desafios.
É provável que, pela forma como a letra foi escrita, a dupla tenha bebido na fonte dos maravilhosos “dermanchados”.
No Rio de Janeiro, feita em parceria com Luiz Peixoto (1889-1973), letrista que trabalhou com teatro, “Suçuarana” foi sucesso.
Em 2/1/2000, o jornalista Luís Nassif comentou sobre a canção brasileira e destacou “Suçuarana”. Sobre a obra de Hekel Tavares, escreveu: “O grupo central, onde brilha a estrela incomparável de Villa-Lobos, era constituído por Hekel Tavares (1896-1969), o paraense Valdemar Henrique (1905-1995), Henrique Vogeler (1888-1964), Marcelo Tupinambá (1889-1953), Jaime Ovalle (1894-1955), todos influenciados pela Semana de 22. Nas letras, sobressaíam Luiz Peixoto (o letrista brasileiro que mais me emocionava, e que vai merecer uma coluna à parte), Manuel Bandeira, Joracy Camargo e Ascenso Ferreira, entre outros”.
Segue o link (para assinantes):