Mônica Rodrigues da Costapedro – Mônica Rodrigues da Costa http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br Comentários culturais para crianças e adultos lerem juntos Mon, 18 Nov 2013 13:23:01 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 “Pedro e o Lobo” com música ao vivo, narração da atriz Giulia Gam e teatro de bonecos http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/03/29/pedro-e-o-lobo-com-musica-ao-vivo-narracao-da-atriz-giulia-gam-e-teatro-de-bonecos/ http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/03/29/pedro-e-o-lobo-com-musica-ao-vivo-narracao-da-atriz-giulia-gam-e-teatro-de-bonecos/#respond Thu, 29 Mar 2012 12:00:51 +0000 http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/?p=547 Continue lendo →]]>

Giulia Gam e a orquestra Almeida Prado em "Pedro e o Lobo"/Fotos João Caldas/ Divulgação

Nunca é demais ouvir “Pedro e o Lobo”, de Sergei Prokofiev, composição dos anos de 1930 que cria a narrativa melódica e rítmica de uma aventura no tempo em que havia grandes florestas na Europa e lobos ameaçadores.

 A música ao vivo faz diferença nesta montagem regida pelo maestro Carlos Moreno e com narração precisa de Giulia Gam.

No enredo, o avô de Pedro se zanga com o neto porque ele sai para brincar na floresta e deixa o portão aberto.

Os bichos que fugiram pelo jardim adoraram a travessura de Pedro, mas não imaginavam que uma criatura feroz aparecesse.

A atriz Giulia Gam conta essa história com calma e o espectador percebe isso em seu semblante, em harmonia com a voz pausada, sem altos e baixos, sem a prosódia que têm em geral as frases que sugerem medo e assustam (interjeições por vezes forçam o falante a emitir sons em falsete ou elevar a altura da voz).

A narração da atriz acompanha a orquestra nesse ritmo controlado de fala.

Como a peça é didática, a primeira parte é a apresentação dos instrumentos que representam os personagens.

Depois que toda a narrativa é explicada, a plateia ouve a execução inteira de “Pedro e o Lobo” pela orquestra, curtinha.

O passarinho desenhado pela flauta saltita, o ritmo do oboé que imita o pato é lento e arrastado como seu andar.

Há momentos acelerados e vários instrumentos soam ao mesmo tempo, passagens emocionantes, representam a caçada ao lobo, por exemplo. Outros leves, mas tensos, como o caminhar furtivo dos caçadores.

O teatro ou encenação dos bonecos multiplica a conversa entre a imagem sonora e a narração.

A orquestra Almeida Prado, de “Pedro e o Lobo”, tem 23 músicos e foi montada para o espetáculo. Durante a apresentação, o maestro elogia o músico Almeida Prado.

A direção geral de “Pedro e o Lobo” é de Muriel Matalon.

Os bonecos são grandes e podem ser vistos de longe com facilidade, pois o Teatro Tuca, onde a peça está em cartaz, necessita desse recurso porque é grande também.

Link: http://www.teatrotuca.com.br/espetaculos/espetaculo_pedro_e_o_lobo.html

Cena do espetáculo no teatro Tuca (SP)

 

Ficha técnica

Direção geral: Muriel Matalon. Assistência de direção: Marco Lima. Narração: Giulia Gam. Orquestra Almeida Prado sob regência do maestro Carlos Moreno. Criação dos bonecos: Marco Lima. Iluminação: Wagner Freire. Cenografia: Alfredo Barbosa. Adaptação de texto: Mariana Veríssimo. Confecção de bonecos: Marco Lima, Nonon Creaturas, Inês Sakai. Cenário: Alfredo Barbosa. Diretor de cena: Domingos Varela. Construção de cenários: Ono Zone Estúdio Ltda, Fernando Brettas e Diw Rosseti. Diretor de orquestra: Tarik Dib. Direção de montagem de aéreos: Cia de Estripulias Imagináveis.

 Orquestra Almeida Prado

Spalla: Constança Almeida Prado Moreno. Violinos: Adriana Maresca, Danilo Ferreira, Henrique Franquim, Simplício Soares, Tiago Paganini, Ugo Kageyama. Violas: Eduardo Cordeiro Jr., Sarah Nascimento. Cellos: Julio Cerezo Ortiz, Sueldo Francisco. Contrabaixo: Rubens De Donno. Flauta: Mônica Camargo. Clarinete: João Francisco Correia. Oboé: Gizele Sales. Fagote: Ronaldo Pacheco. Trompas: Mario Rocha, Thiago Rodrigues, Vagner Rebouças. Trompete: Leonardo Porcino. Trombone: Silas Falcão. Percussão: Glaucia Vidal, Marcelo Camargo.

"Pedro e o Lobo"

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Marionetes do Giramundo transpõem a música “Pedro e o Lobo” para o teatro de bonecos http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/03/28/marionetes-do-giramundo-transpoem-a-musica-pedro-e-o-lobo-para-o-teatro-de-bonecos/ http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/03/28/marionetes-do-giramundo-transpoem-a-musica-pedro-e-o-lobo-para-o-teatro-de-bonecos/#respond Wed, 28 Mar 2012 12:00:36 +0000 http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/?p=524 Continue lendo →]]>  

Pedro e o gato, da adaptação do Giramundo

Aproveito que assisti a duas adaptações de “Pedro e o Lobo”, de Sergei Prokofiev, na capital paulista, para relembrar esse adorável espetáculo na versão de teatro de bonecos pelo grupo Giramundo, que vi em 2009, no Festival Internacional de Bonecos de Canela, no Rio Grande do Sul.

“Pedro e o Lobo” mantêm-se no repertório da companhia mineira desde 1993 e é possível ver trechos da montagem no site do grupo.

Link: http://www.giramundo.org/teatro/pedro.htm

Bonecos manipulados por fios, as marionetes dessa adaptação de Prokofiev, cuja composição original é de 1936, imitavam com perfeição os movimentos dos personagens no ritmo e andamento da música.  

Os atores se revezavam na manipulação e narração da história, com ajuda de desenhos em uma lousa.

O assunto dos diálogos versa sobre os instrumentos da orquestra e apresenta os sons que cada um deles faz.

Atrai no espetáculo uma tríplice repetição: os narradores contam a história do garoto Pedro e de seu avô, que enfrentam um lobo.  Os bonecos representam o enredo com imagens em movimento. A música cria imagens sonoras para os personagens.

A atriz e diretora Beatriz Apocalypse manipulou os bonecos ao lado de outros atores-manipuladores, com trilha gravada. Eram engraçados os comentários dos narradores, que faziam papéis de cômicos.

 

A marionete de Pedro, da cia. Giramundo/Fotos Divulgação

 

Ficha Técnica de “Pedro e o Lobo” do Giramundo que consta no site do grupo

Concepção original da adaptação e marionetes: Álvaro Apocalypse. Direção de remontagem: Beatriz Apocalypse. Atores marionetistas: Ana Fagundes, Beatriz Apocalypse, Raimundo Bento, Rooney Tuareg e Ulisses Tavares. Construtores: Beatriz Apocalypse, Cor-Jesus Costa, Gustavo Noronha, Marcos Malafaia e Ulisses Tavares. Pintura original: Terezinha Veloso. Restauração das marionetes: Ana Fagundes, Raimundo Bento e Sandra Bianchi. Figurino dos marionetistas: Raimundo Bento. Cenotécnica: Ricardo da Mata. Adaptação e construção do cenário: Thiago Guimarães.

Personagem de "Pedro e o Lobo", do Giramundo

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Livro “Retornar com os Pássaros” funde poesia e prosa http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/03/12/livro-retornar-com-os-passaros-funde-poesia-e-prosa/ http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/03/12/livro-retornar-com-os-passaros-funde-poesia-e-prosa/#comments Mon, 12 Mar 2012 14:30:33 +0000 http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/?p=290 Continue lendo →]]>

Capa de “Retornar com os Pássaros”, de Pedro Maciel (ed. LeYa)

“Retornar com os Pássaros”, de Pedro Maciel (ed. LeYa, 2010), é uma espécie de alegoria do voo, no sentido metafórico, e percorre um voo, no sentido físico. Prova disso são as ideias que são retomadas de um capítulo para o outro, em geral nos títulos, fazendo o pensamento saltar para o capítulo anterior para então prosseguir e, assim ou por isso, o leitor realiza uma leitura sempre circular.

Pode-se dizer também que essa organização toma emprestada a construção musical, com o retorno do tema, mas de um modo “desconstruído” (fragmentário), como na música contemporânea.

Esse terceiro livro de Pedro Maciel confirma a realização de uma nova forma de narrar na língua portuguesa, que se encaixa perfeitamente no tempo exíguo que existe no presente, digital e instantâneo, em que o trabalho solicita todas as horas.

“Retornar com os Pássaros” foi antecedido por “A Hora dos Náufragos” (ed. Bertrand Brasil, 2006) e “Como Deixei de ser Deus” (ed. Topbooks, 2009). O trabalho de Maciel é elogiado por escritores e críticos como Ferreira Gullar e Ivo Barroso.

O estilo de Pedro Maciel atrai o leitor como um ímã, como diz a canção. É impossível parar de ler e, ao final, permanece aquela saudade e tristeza porque a história acabou.

O mais intrigante, porém, é que não existe um desenho tradicional no enredo, pois o personagem-narrador tem uma origem misteriosa e um percurso enigmático.

Vê o mundo de fora e trata o sonho como realidade ou vice-versa. A ação é joyciana, acontece na mente do protagonista. Já o tempo é woolfiano, pois nunca passa e nunca para de passar. Sua prosódia é singular, única.

Impressiona a proximidade com a filosofia e a astronomia. Não há como não pensar no livro “Poética”, de Aristóteles, quando o filósofo grego descreve o conteúdo dos gêneros e discorre sobre a construção do pensamento.

As presenças de Nietzsche e Cioran se revelam aqui e ali no tom profético de certas afirmações sobre a humana sina de viver.

Ecos de Dostoiévski e Beckett confirmam-se em considerações sobre o nada e a existência. A psicanálise fenomenológica de Bachelard pode ser lida nas entrelinhas sobre a natureza dos materiais que são objetos do autor-narrador.

Todas as camadas do gênero romance são postas em cheque. O jogo pronominal questiona a função do protagonista.

O eu-narrador autodestitui-se logo no início –“Eu nem sempre quer dizer eu mesmo”– e conduz a reflexão do leitor, que se depara com “insights” ou revelações poéticas.

Confunde-se com um “ele” misterioso e inclui o leitor na narrativa. Última coisa: o especial de “Retornar com os Pássaros”, com sua ambiguidade e ironia constitutivas, é pensar o estar no mundo dentro e fora do que se compreende como humanidade, num jogo inteligente entre a física e a metafísica.

A literatura de Pedro Maciel tem desdobramentos múltiplos e surpreendentes. Há muitos aspectos a explorar e muito a dizer sobre esse livro. 

Seguem dois capítulos de “Retornar com os Pássaros”, de Pedro Maciel:

“Terra, Ar e Água”

“(…): não imagino onde estarei quando não mais estiver por aqui. ‘Amanhã fica pra amanhã. Há dias que perdi a noção do tempo. Onde é o dentro do tempo ou o centro do espaço?’ Eu volto com frequencia a certos lugares quando o tempo avança em cima da hora. Eu sempre perco a hora no último momento. Somos o tempo, diz o meu avô. ‘Às vezes tenho vontade de voar para outro espaço, como fez Perseu’. ‘Não há maior maravilha que vagar pelas alturas estelares, deixar as regiões sem encanto desta Terra, cavalgar as nuvens, alçar-se aos ombros de Atlas, e ver lá longe, lá embaixo, as diminutas figuras a moverem-se sem rumo, sem razão, aflitas, temendo a morte, e aconselhá-las a fazer do destino um livro aberto’.”

“Não me Restava Muito Tempo”

“A última vez que a encontrei, ela implorou-me para que não a abandonasse. Talvez ela ainda viva naquela casa azul e branca; o passeio lateral da casa estava sempre manchado de um vermelho carmim, um roxo amarelado pelo Sol. De madrugada escutávamos as amoras em linha reta despencarem no chão. Por amor perdemos a razão. ‘Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre, também, uma razão na loucura’. ‘O amor é uma neurotoxina; pode danificar irreparavelmente o sistema nervoso central, se não formos ‘correspondidos’. Um dos sintomas associados à superexposição do amor é a cegueira’. ‘No amor basta uma noite para fazer de um homem um deus’. ‘Raramente um sentimento está tão predestinado a criar coisas nefastas e, ao mesmo tempo, maravilhosas’. ‘Pode-se dizer também que o amor é como aquela que no céu denominamos Via Láctea, um amontoado brilhante formado de pequenas estrelas, cada uma das quais muitas vezes é uma nebulosa’.”

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