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Mônica Rodrigues da Costa

Comentários culturais para crianças e adultos lerem juntos

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Tag Archives: Modernismo

Onça suçuarana é metáfora em canção "dermanchada", de 1927

Por Mônica Rodrigues da Costa
07/05/12 09:00

Foto reproduzida da "Folha.com", do blog “Bichos”

Uma imagem  forte desse felino (Felis concolor) está na canção de Hekel Tavares e Luiz Peixoto, gravada por Maria Bethânia no CD “Brasileirinho”, de 2003.

A canção, criada em 1927, representa a onça em forma de um jovem sedutor que provocou abalo na protagonista da canção.

Eu ouvia “Suçuarana” no início da década de 1970, cantarolada por uma grande amiga, Anamelinha de Carvalho, que morreu de derrame aos 32 anos. Era filha do artista plástico Genaro de Carvalho (1926-1971).

Anamelinha cantava da forma como ouviu da babá quando era ninada em criança. Fiz o mesmo com meus dois filhos, na infância deles, cantarolando a incrível canção de amor e dor.

Anos mais tarde, ao ver o DVD “O Povo Brasileiro”, sobre a obra de Darcy Ribeiro, com direção de Isa Grinspum Ferraz, aprendi com o depoimento de Antonio Candido nesse filme que se tratava de um “dermanchado” sertanejo.

É gênero ou fenêmeno nativo na cultura brasileira. Os artistas populares conhecem a música e a recriam, “desmanchando-a”.    

Vale reproduzi-la como a ouvi (abaixo) e conferir as variações com a letra da música na interpretação de Bethânia e Nana Caymmi, no filme mais abaixo.

Faz três semana,

Foi na festa de Sant’Ana,

Que Zezé Suçuarana

Me chamou pra conversar.

 

Dessa bocada,

Nós saimu pela estrada,

Ninguém não dizia nada,

Fumu andano devagar.

 

A noite veio,

O caminho estava em meio,

E veio aquele arreceio,

Que arguém nos pudesse ver…

 

Eu quis dizê:

“Suçuarana, vamu embora”,

Mas, Virge Nossa Senhora,

Cadê boca pra dizê?

 

Mas, de repente,

Do mundo já bem distante,

Nós paremu um instante,

Prendemu a suspiração.

 

Envergonhado,

Ele partiu para o meu lado,

Ó Virge dos meus pecados,

Me dai a absolvição.

 

Foi coisa feita,

Foi mandinga, foi maleita,

Que nunca mais se endireita

Que nos botaru, é capaz!

 

Suçuarana,

Meu coração não se engana,

Vai fazer cinco semana,

Tu não volta nunca mais.


YouTube Direkt

 

 Onça suçuarana e a criação do mito-poema

De acordo com o blog “Bichos” da “Folha.com”, esse felino tem coloração parda, ampla distribuição nas Américas e habita todos os tipos de bioma. Com hábitos noturnos e solitários, caça ao entardecer e esse é seu momento de maior atividade. Depois, some na mata.

O que tem a ver com a canção é o comportamento. O personagem Suçuarana aparece, e a moça se apaixona quando a noite vem. Nunca mais ele volta. A relação entre os personagens da canção exemplifica como as metáforas são formadas no campo da poética.

Todos os mitos com animais são etiológicos e a cultura brasileira possui acervo imaginário fértil. A onça habita os contos de Guimarães Rosa e muitos poemas da língua portuguesa. Mas essa história fica para próximas postagens.

É pena que a suçuarana esteja ameaçada de extinção. Quando um animal é extinto, perde-se com ele a renovação linguística da espécie humana.

Segue link (para assinantes):

http://www1.folha.uol.com.br/bichos/835602-onca-sucuarana-e-eleita-animal-silvestre-simbolo-de-sp.shtml

 Sobre os criadores da canção, Hekel Tavares e Luiz Peixoto

O alagoano Hekel Tavares é pouco conhecido hoje, mas tem verbete na Wikipedia, que destaca que o compositor, embora tendo trabalhado com música erudita, foi influenciado pelos cantadores de desafios.

É provável que, pela forma como a letra foi escrita, a dupla tenha bebido na fonte dos maravilhosos “dermanchados”.

No Rio de Janeiro, feita em parceria com Luiz Peixoto (1889-1973), letrista que trabalhou com teatro, “Suçuarana” foi sucesso.

Em 2/1/2000, o jornalista Luís Nassif comentou sobre a canção brasileira e destacou “Suçuarana”. Sobre a obra de Hekel Tavares, escreveu: “O grupo central, onde brilha a estrela incomparável de Villa-Lobos, era constituído por Hekel Tavares (1896-1969), o paraense Valdemar Henrique (1905-1995), Henrique Vogeler (1888-1964), Marcelo Tupinambá (1889-1953), Jaime Ovalle (1894-1955), todos influenciados pela Semana de 22. Nas letras, sobressaíam Luiz Peixoto (o letrista brasileiro que mais me emocionava, e que vai merecer uma coluna à parte), Manuel Bandeira, Joracy Camargo e Ascenso Ferreira, entre outros”.

Segue o link (para assinantes):

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0201200008.htm

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Aventuras de menino brincalhão vira encrenca no país dos ferozes quadratins

Por Mônica Rodrigues da Costa
30/04/12 09:00

Capa do livro/Fotos Divulgação

Divertidíssimo o livro “No País dos Quadratins”, de 1928, mesmo ano da publicação de “Macunaíma”, de Mário de Andrade. Você não vai conseguir parar de ler.

Os adolescentes vão amar o personagem Macunaíma, herói sem caráter, que só quer se dar bem, mas, no fundo, tem bom coração.

Ele é um índio encantado e faz mágicas até para mudar sua casa de lugar: ela sai voando para um paraíso farto de alimentos e de felicidade. Macunaíma vive aventuras na mata e na cidade.

O que esses dois livros têm em comum? A graça, as invencionices, a imaginação extravagante e o estilo de falar, que revelam um jeito de ser que só o brasileiro tem.

“No País dos Quadratins” os capítulos são curtinhos. O livro não precisa de muitas ilustrações para atrair para a leitura, porque a narrativa parece de cinema.

Mas as ilustrações são lindas. Foram criadas pelo pintor Candido Portinari.

As cenas se sucedem nas lembranças do herói, um menino danado de brincalhão. Ele apronta mil travessuras, mas “sabe que homem não conta mentiras”, como escreveu o narrador. Vou explicar.

Um dia, esse herói, João Papinho, foi picado por um maribondo e ficou com a orelha inchada. Então chamou seu exército de amigos para armar vingança.

Até os garotos da colônia entraram na estratégia de guerra. Colônia era como chamavam o lugar onde morava o pessoal que trabalhava na fazenda nessa época, na região Sudeste do Brasil.

O plano era o seguinte: construir um estilingue gigante e atacar a casa de maribondos da jaqueira. A turma ia atirar uma pedra bem grande para destruir o cacho onde esses insetos moravam.

À noite, Tia Genoveva perguntou o que João Papinho tinha feito de bom e de mau. João Papinho contou a ela os planos e os preparativos para acabar com a raça dos maribondos.

Muito calma, Tia Genoveva disse que aquilo era um perigo! Você, leitor, nunca ataque uma casa de maribondos, porque eles voam em cima da gente e suas picadas podem causar até morte.

Para provar isso, a tia resolveu contar a história de um menino desobediente, chamado Cafuné, que fugiu para brincar no rio sem contar para a mãe dele.

Cafuné queria achar a sereia que mora nas águas doces.

Cafuné encontrou um lagarto verde conversador, que lhe disse que essa história de sereia era “mentira de gente”.

O réptil inventou uma incrível história, Cafuné ficou boquiaberto, sobre a guerra entre os lagartos e os tatus, que tinham um rei terrível, a ponto de assassinar o rei dos lagartos.

O lagarto verde convenceu Cafuné a mergulhar no rio para conhecer os peixes. Nunca mais ninguém soube do coitado.

Ilustração do livro, criada por Candido Portinari

“No País dos Quadratins”, você ouve canto de passarinho e vê menino viajar pelo espaço depois de ser atirado às alturas pelo tal estilingue.

Nessa nova aventura, João Papinho encontra as criaturas que dão título ao livro: os ferozes quadratins. É a maior confusão.

O livro foi escrito por Carlos Lébeis, da mesma época de Monteiro Lobato. 

Confira no link da editora do livro, a CosacNaify:

http://editora.cosacnaify.com.br/ObraSinopse/11628/No-pa%C3%ADs-dos-quadratins-.aspx

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Livro reconta história da Semana de Arte Moderna no estilo fluente do jornal

Por Mônica Rodrigues da Costa
04/04/12 09:00

Capa do livro que contextualiza a poesia modernista

 

por Ieda Marcondes

“1922: A Semana que Não Terminou”, do jornalista Marcos Augusto Gonçalves (Companhia das Letras, 2012), faz uma abordagem revigorante da Semana de Arte Moderna. O autor é editorialista e repórter da Folha de S.Paulo.

O movimento modernista, encabeçado principalmente pela pintora Anita Malfatti e pelos poetas Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Picchia, é de importância incontestável para a arte nacional. Mas é preciso analisá-lo criticamente, valendo-se dos fatos.

O autor do livro utiliza registros históricos, como os jornais e revistas da época, cartas trocadas entre os principais personagens e depoimentos dados por personalidades nas comemorações seguintes para tentar reconstruir o contexto da cidade de São Paulo, da Semana de 22 e da vida de seus artistas.

Muitas vezes os depoimentos são contraditórios. É o caso, por exemplo, do de Mário de Andrade quando diz que não se lembra de quem foi a ideia da Semana de Arte Moderna.

Outros artistas logo falam que fora de Di Cavalcanti, articulado mais tarde por Graça Aranha.

Há no livro a clareza de que houve certo marketing ao redor do movimento que, entre outras características, orgulhava-se de ser essencialmente paulista -então como admitir que o carioca Cavalcanti havia concebido tudo?

Igualmente, Gonçalves procura derrubar outros mitos modernistas, como o de que tinha sido Monteiro Lobato o responsável, com sua crítica virulenta à obra de Anita Malfatti, pelo trauma e consequente “retorno à ordem” de Malfatti.

Marcos Augusto Gonçalves trata o episódio com objetividade. Menciona as teorias de que Lobato não teria visto as obras de Malfatti e relata ainda as defesas da artista por Mário de Andrade.

Comenta também o fato de que tal “retorno à ordem” da pintora, isto é, certa retomada do estilo mais convencional de pintar, vinha acontecendo muito antes de sua crítica, um ataque geral ao modernismo.

Como não era possível admitir que o principal expoente da arte moderna paulista começava a se tornar “menos vanguardista” já em 1916, fala-se até hoje do “trauma” provocado por Lobato em 1917 – tal é o marketing bem-sucedido dos modernistas, reforçado a cada aniversário por novos adeptos.

Apesar de o jornalista lidar com fatos bem embasados e analisados, o texto não parece uma tese acadêmica.

De linguagem agradável, remete ao fraseado do início do século 20 e possui capítulos curtos e envolventes, que fluem de forma fácil e prazerosa.

 

Link para o livro: http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=13143

Observação: 

Ieda Marcondes é formada em cinema pela Universidade Anhembi Morumbi e escreve crítica cinematográfica para o blog da revista “Dicta&Contradicta”. É aluna de Cultura Brasileira I, disciplina que ministro no curso de pós-graduação de Jornalismo Cultural na FAAP (SP).

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Vida e obra da poeta Pagu narrada para adolescentes

Por Mônica Rodrigues da Costa
19/03/12 09:00

Capa do livro de Lia Zatz (ed. Callis)

“A Luta de Cada Um – Pagu”, de Lia Zatz (Callis, 2005), é um livro corajoso porque escolheu um assunto que não diz respeito ao repertório juvenil.

Lia Zatz introduz com leveza a vida e a obra de Pagu a esse público para quem o livro é recomendado em sua edição. Um adolescente de 13 a 14 consegue compreender o que é transmitido com facilidade.

Patrícia Galvão (1910-1962), ou Pagu, é a poeta da Antropofagia, movimento estético liderado por Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Raul Bopp.

Pagu pergunta em um de seus primeiros trabalhos, um poema em forma de história em quadrinhos: “Va e ver si estou na esquina…”.

Casada com Oswald de Andrade e depois com Geraldo Ferraz, Pagu foi redescoberta para a geração dos jovens nos anos de 1960 e 1970 por Augusto de Campos, que gostou dos poemas publicados por Solange Sohl, um dos tantos pseudônimos de Pagu.

Campos foi um dos pioneiros em revelar a poesia e a vida acidentada da artista, que se notabilizou no cinema e depois na minissérie da Rede Globo.

O livro da Lia Zatz contextualiza os fatos históricos e romanceia a biografia da escritora, também jornalista. Pagu se envolveu com o Partido Comunista, que a abandonou à própria sorte. Foi presa e deportada “pra Itália ou pra Alemanha”. Ficou muitos anos na prisão.

A protagonista do livro de Zatz, Telma, é uma catadora que descobre a vida de Pagu por meio de documentos que recolhe no lixo. Telma resolve fazer um álbum, selecionando do material histórico encontrado fotos, desenhos, ilustrações, frases e poemas de Patrícia Galvão e seus contemporâneos.

Com diagramação atraente e em linguagem coloquial fluente, Lia Zatz fala também de um dos primeiros romances operários no Brasil, “Parque Industrial”, escrito pela biografada, sob o pseudônimo de Mara Lobo.

Relata ainda a participação de Pagu nos encontros culturais com Mário de Andrade, Anita Malfatti e muitos outros modernistas.

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