Mônica Rodrigues da Costa
Comentários culturais para crianças e adultos lerem juntos
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História de Fernando Anhê
13/05/12 09:00História de Fernando Anhê
06/05/12 09:00Piadas de palhaços ironizam textos bíblicos em “Mistero Buffo”, sem negar a existência de Deus
30/03/12 09:00Adultos e crianças mais velhas, de 11 e 12 anos, morrem de rir durante o espetáculo “Mistero Buffo”, da companhia de palhaços La Mínima, integrantes também do Circo Zanni, que, em geral, arma a lona uma vez por ano no Memorial da América Latina, na capital de São Paulo.
A peça usa gírias e palavrões para traduzir o texto corrosivo do dramaturgo Dario Fo, no qual é baseada, e faz piadas dos mistérios cristãos medievais, apresentados na forma satírica por trupes mambembes e comentados por jograis e bobos da corte nas praças e castelos.
Mas não há desrespeito à fé de ninguém, o tratamento é leve, no estilo das comédias do circo teatro, gênero famoso no Brasil até a década de 1960.
Para representar a história, há o músico e ator Fernando Paz e a dupla de palhaços do La Mínima. Formada por Fernando Sampaio e Domingos Montagner, o mérito do grupo é a excelência do trabalho de ator.
Os dois têm estilos diferentes. Ambos dominam a arte de transformar o que seria a crítica aos problemas sociais em piadas de palhaços.
No prólogo, Montagner explica que os mistérios religiosos tratados em cena não têm intenção de desrespeitar ou combater os dogmas abordados, mas de enfocá-los através de piadas leves, como as dos jograis históricos e as dos números de cortina, ou seja, na forma que os palhaços realizam no circo nos intervalos entre atrações de equilibrismo ou trapézio.
Fernando Sampaio provoca humor como ninguém quando executa um sistema bem particular de ações, com gestos e expressões faciais que preenchem o palco. Seus personagens ganham traços emotivos e suas falas explicam minuciosamente a situação vivida na maioria das cenas da peça, como se fosse uma tradução da ação.
Domingos Montagner usa mais a construção racional de seus papéis, desde as explicações introdutórias sobre a dramaturgia -momentos em que fala da simbologia de “Mistero Buffo”, como a atitude dos jograis que exploravam o gênero- até quando improvisa com pessoas do público convidadas a participar de cenas.
Domingos e Fernando têm agilidade física e as palhaçadas envolvem saltos, cambalhotas, quedas e encontrões bem divertidos.
Outro dos vários pontos altos do espetáculo é a encenação bufa -de palhaço-, ou profana, do milagre de Cristo de fazer um cego voltar a enxergar e um paralítico recuperar os movimentos.
Os dois personagens portadores de deficiência se aliam para superar as limitações de visão e de movimento e se preocupam quando ouvem falar de um tal Jesus, que lhes daria a cura.
Como continuar então a pedir esmolas pelo mundo? Para que retornar ao trabalho se esmolar os situa na zona de conforto?
“Não quero ser ajudado, não podemos sofrer a desgraça de sermos curados”, diz Sampaio no papel do paralítico.
Na ponta oposta, Montagner é irônico ao representar o cego e toma distância crítica até do próprio personagem: “Vai trabalhar, vagabundo… vamos pra Brasília…”, diz, e debocha da corrupção e do trânsito.
O livreto do atual espetáculo informa que se trata da moralidade “O Cego e o Estropiado”, do século 14, registrada pelo jogral Jean Lavy.
A inversão dos desejos deles em relação ao relato do texto sagrado é a mola da comicidade, o trocadilho-chave, mas as referências ao presente histórico também são catárticas.
Os personagens negam o milagre, embora clamem por São Cristóvão. Essa é a lógica de “Mistero Buffo”, peça adaptada do drama político de título homônimo, do italiano Dario Fo, de 1969, que sofreu alterações em seus monólogos devido aos improvisos nas apresentações realizadas.
Após cada cena, Domingos Montagner faz pausas no espetáculo e explica o próximo episódio. Os atores usam a linguagem do teatro para tomar distância da encenação, comentando-a, em bom recurso de direção.
A peça apresenta quatro mistérios: “A Ressurreição de Lázaro”, “O Cego e o Paralítico”, “O Louco e a Morte” e “O Louco aos Pés da Cruz”.
Ao lado do engraçadíssimo músico Fernando Paz, que realiza ao vivo a trilha sonora, os palhaços do La Mínima se trombam, tropeçam em trapalhadas e atrapalhações e ainda fazem cenas com mímica.
O espetáculo tem direção de Neyde Veneziano, que soube ajustar a linguagem do circo ao modo de atuação híbrido, típico dos artistas contemporâneos.
Veneziano dirigiu “Arlecchino” (1988), também de Dario Fo, entre outras peças desse ganhador do Prêmio Nobel de Literatura (de 1997), e tem um livro sobre o dramaturgo, “A Cena de Dario Fo: O Exercício da Imaginação” (Nobel).
Em cartaz no teatro do Sesi: http://www.sesisp.org.br/cultura/teatro/mistero-buffo.html
Ficha técnica
Direção: Neyde Veneziano. Elenco: Domingos Montagner, Fernando Sampaio e Fernando Paz. Tradução: Neyde Veneziano e André Carrico. Direção mímica: Álvaro Assad. Direção musical: Marcelo Pellegrini. Cenografia: Domingos Montagner. Figurino: Inês Sacay. Adereços: Maria Cecília Meyer. Iluminação: Wagner Freire. Produção visual: Sato. Assistência de direção: Ioneis Lima. Administração: Luciana Lima. Concepção: La Mínima. Produção executiva: Fabiana Esposito.
“Pedro e o Lobo” lota teatro Anchieta e diverte plateia infantil
27/03/12 09:00A história clássica do menino Pedro, que brinca no quintal ao lado de uma floresta onde há lobos ameaçadores, nunca deixa de ser adaptada pelos mais diversos grupos de teatro e música do país.
A música de Sergei Prokofiev (1891-1953) já teve narração de Roberto Carlos, Rita Lee e David Bowie, entre outros.
Desde 2004 a peça “Pedro e o Lobo” é apresentada pela companhia paulista Imago, com teatro de animação de objetos sob luz negra e narração do maestro Jamil Maluf, da Orquestra Experimental de Repertório.
Fernando Anhê, diretor, bonequeiro, cenógrafo e figurinista do espetáculo, também assina os quadrinhos de “Pow!” deste blog.
Anhê disse que seria ideal que a peça fosse apresentada com música ao vivo, executada por uma orquestra, como ocorreu em 2009, quando foi encenada no teatro Bradesco, sob a regência de Jamil Maluf e narração de Fernando Paz.
No mesmo ano, esteve no teatro São Pedro, com orquestra regida por Alex Klein e narração do ator Chachá.
“A dificuldade financeira é o grande empecilho de apresentar a peça com música ao vivo”, explicou Fernando Anhê.
A música gravada não impede a diversão das crianças nem a decodificação dos instrumentos musicais que representam os personagens nessa fábula de final feliz do compositor russo.
Nela, um pássaro-flauta, uma pata-oboé, um gato-clarineta, um menino-violinos contracenam ao enfrentar um lobo-trompas, que Pedro acaba por capturar.
No cenário luminoso, colorido e bem cuidado, Pedro brinca na floresta com seus amigos até que o avô chega, muito bravo. O neto tinha esquecido o portão do quintal aberto, a pata fugiu, e o que aconteceu?
O danado do lobo a engoliu sem mastigar. Ainda bem que existem caçadores, que vêm consertar essa situação antes que ela se transforme em tragédia.
A peça está em cartaz no teatro Anchieta (Sesc Consolação): http://www.sescsp.org.br/sesc/
Depois fará temporada no teatro Amil, em Campinas (SP): http://www.conteudoteatral.com.br/teatroamil/
Link para a narração de David Bowie: http://www.youtube.com/watch?v=kpoizq-jjxs
Endereço da Imago: http://www.ciaimago.com.br