Mônica Rodrigues da Costaadolescente – Mônica Rodrigues da Costa http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br Comentários culturais para crianças e adultos lerem juntos Mon, 18 Nov 2013 13:23:01 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Ziraldo pinta o Super-Homem de pantufa em exposição em Brasília http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/04/23/ziraldo-pinta-o-super-homem-de-pantufa-em-exposicao-em-brasilia/ http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/04/23/ziraldo-pinta-o-super-homem-de-pantufa-em-exposicao-em-brasilia/#respond Mon, 23 Apr 2012 12:00:25 +0000 http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/?p=880 Continue lendo →]]> Por Tassia Moretz-Sohn Fernandes

 

Bom humor e muitas cores são apresentados nas pinturas do cartunista Ziraldo na exposição “Zeróis: Ziraldo na Tela Grande”, em cartaz até 29/4 em Brasília.

Dos quadrinhos para os quadros, as telas transpõem os heróis que foram sucesso nas HQs na primeira metade do século passado e que, apesar de ainda invencíveis, ganham ar bastante humanizado.  

Na tela “O Super-Asilo”, já com rugas e cabelos brancos, Super-Homem aparece sentado em uma cadeira de balanço, ligado a um aparelho para audição, coberto por uma manta xadrez e fofinha, calçando pantufas vermelhas.

Um móvel munido de apetrechos para os vovôs heróis está disposto na cena. Penico, dentadura e remédios revelam os novos aparatos dos personagens.

O Fantasma está sem dentes, mas parece bem à vontade sentado ao lado de seus amigos heroicos, com o cinto de fivela de caveira solto para facilitar o encaixe da sonda.

Centenário, o Tarzan parece muito bem apoiado à bengala, com óculos que o deixam com a aparência de um hippie.

Também com rugas, Batman e Capitão América compartilham o mesmo sorriso de satisfação esboçado pelo grupo de heróis que salvaram tantas vezes a humanidade dos planos malignos de vilões.

 

“O Super-Asilo”/Reprodução

Outra tela exibe Batman e Robin dividindo a mesma poltrona, em uma atmosfera familiar, do tipo: “bons e velhos amigos”.

Mulher-Maravilha ganha releitura de Ziraldo a partir da obra de Andy Warhol (1928-1987), em seis telas multicoloridas.

Há outras releituras de quadros famosos.

 

“Las Meninas na África”/ Fotos Tassia Moretz-Sohn Fernandes

“Las Meninas na África”, por exemplo, remete ao quadro “As Meninas” (1656), de Diego Velázquez (1599-1660), e traz os traços cubistas de Pablo Picasso (1881-1973). O cartunista ainda incluiu o personagem Fantasma, de Lee Falk (1911-1999).

Ziraldo se coloca no lugar de Velázquez e faz com que o público se sinta parte da pintura.

“A Volta do Filho Pródigo” é uma releitura de Ziraldo do quadro “Gótico Americano” (1930), de Grant Wood (1891-1942), em que Wood retrata um casal que vive no ambiente rural.

São os pais ideais do herói americano Super-Homem, que foi introduzido no quadro. Confira as duas versões abaixo.

"Gótico Americano"

 

“A Volta do Filho Pródigo”

A exposição está no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República. Estão expostos 44 telas, desenhos e esboços criados por Ziraldo, que teve como assistente o pintor Paulo Vieira.

Link para a museu:

http://www.brasil.gov.br/brasilia/conteudo/historia/2006/centro-cultural-da-republica

 

Observação: 

A jornalista Tassia Mortez-Sohn Fernandes é aluna de Crítica 3 – Teatro, disciplina que ministro no curso de pós-graduação de Jornalismo Cultural na FAAP (SP).

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Lobisomem e laboratório de biogenética se combinam em romance de aventura http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/04/13/lobisomem-e-laboratorio-de-biogenetica-se-combinam-em-romance-de-aventura/ http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/04/13/lobisomem-e-laboratorio-de-biogenetica-se-combinam-em-romance-de-aventura/#comments Fri, 13 Apr 2012 14:32:31 +0000 http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/?p=801 Continue lendo →]]>

Ilustração de Kipper

“Armadilha para Lobisomem” não serve para ninar e assustar criancinhas quando o homem esquisito da lenda pula para a floresta virando lobo em noite de lua cheia. Esse livro, do Luiz Roberto Guedes, traz  trama complexa e pós-moderna.

Uma empresa transnacional, corrupta, tem um escritório numa cidade local, São Luís, no Maranhão, e cerca a fera brasílica para sequestrar seu código genético. A armadilha tem olhos verdes e se envereda por uma história de amor.

Tráfico de genes, plantas híbridas que rendem milhões de dólares, captura de lobisomem a qualquer preço. Um mundo fora da ética, repleto de gângsteres.

Tudo porque o livro conta a história das Organizações Platino, que criaram a Orchidea platina, nova espécie derivada de um gene de água-viva que os cientistas do chamado “Império Platino” “insertaram” numa orquídea.

A planta luminosa virou mania planetária. Deu ideia de outros seres – e mais lucro a essa empresa, ainda conhecida como o Laboratório BioPlatek.

Esse ninho de cobras criou seres que mereciam estar expostos num circo: Zebrelho (coelho combinado a zebra), Goldina (galinha que põe ovos dourados), Octo-Plux (minipolvo fluorescente).

Então será a vez de explorar o lobisomem. Acharam esqueleto de criatura esquisita na Chapada do Araripe, com ossos atravessados por bala de prata, o que é típico da lenda do homem que vira cachorro-do-mato.

Guedes compõe metáforas mirabolantes e peripécias de arrepiar os cabelos. Mistura poesia, arqueologia, genética, política, cultura pop.

Só o personagem do lobisomem rende um blog inteiro. O monstro foi descrito de forma inesquecível pelo escritor José Lins do Rego (1901-1957).

O lobisomem de Guedes vive em um romance de mistério e suspense, de leitura veloz. O melhor da história está nas pistas, nas entrelinhas. 

O paulistano Guedes domina o jogo de palavras, a paródia, a ironia e a arte de narrar. Escreve um enredo com a técnica da intertextualidade.

Remete o leitor para o cinema de Indiana Jones e de ação, para a MPB, para cenas da literatura, para o imaginário brasileiro.

Quem tem 11 anos vai usufruir de “Armadilha para Lobisomem” (184 páginas).

Guedes parodia o próprio gênero de literatura de aventura e suspense que usa para escrever. No meio da narrativa mitológica, insere o retrato da vida contemporânea.

A pior parte: cinismo, corrupção, corrida desenfreada pelo lucro.

A melhor: avanços científicos, conscientização sobre o ambiente e limites de crescimento, referências, literárias ou não, para o leitor decifrar.

Não precisa dizer que esse livro é um prato-cheio para professores de biologia e de português, redação, comunicação e expressão.

As ilustrações são de Henrique Kipper (fotos).

Da Cortez Editora. A atual edição está no padrão da nova ortografia, segundo Guedes (em vigor a partir de 2013).

Link:

http://www.cortezeditora.com.br/DetalheProduto.aspx?ProdutoId=%7B3FBD5BBC-D7B3-E011-955F-842B2B1656E4%7D

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Musical conta a história "Um Violinista no Telhado" com graça e melancolia http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/04/05/musical-conta-a-historia-um-violinista-no-telhado-com-graca-e-melancolia/ http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/04/05/musical-conta-a-historia-um-violinista-no-telhado-com-graca-e-melancolia/#respond Thu, 05 Apr 2012 12:00:04 +0000 http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/?p=690 Continue lendo →]]>

José Mayer e Soraya Ravenle, como Tevye e Golda /Foto Robert Schwenck/Divulgação

No excelente DVD “O Povo Brasileiro” (2005), com Darcy Ribeiro e baseado em seu livro com título homônimo ao do documentário, o antropólogo fala das origens de Portugal, país miscigenado que trouxe a mistura e segredos de muitas etnias para o Brasil colonizado.

O filme tem direção de Isa Grinspum Ferraz. É recomendado para quem idade a partir de 14 anos, mas pode muito bem ser visto por crianças de 11 e 12 anos, acompanhadas dos pais.

Há cenas de nudez e passagens que retratam a violência da dominação pelo colonizador.

Ribeiro trata a “identidade” no contexto histórico e exemplifica com a cultura judaica a sensação de pertencimento e de associação íntima que qualquer um sente quando está diante de uma pessoa do mesmo grupo cultural ou étnico.

Sem querer aqui retratar o debate, menciono-o porque certos produtos culturais carregam em si essa vivência, seja de forma involuntária ou não, e fazem o público questionar suas origens ou rememorá-las.

O musical “Um Violinista no Telhado” rememora um fragmento dessa discussão milenar, de modo leve e um pouco triste.

Ao assistir ao espetáculo, vi nas cenas das festas com acordeão e cantorias um pouco do Rio Grande Sul materno. Outras cenas, porém, distanciam-se dessas características herdadas e concentram o enredo nos assuntos da etnia judaica, como tradições religiosas, regras de casamento, convívio social.

No início o canto do elenco anuncia que a história a seguir será mesmo esta: a perseguição e fuga dos judeus, e reforça a importância da tradição.

O musical refere-se de modo direto ao preconceito praticado pelo regime czarista russo e às perseguições conhecidas como “pogroms”, segundo o historiador Michel Gherman, em texto no programa da superprodução.

A peça tem por base o livro de Sholem Aleichem, pseudônimo de Salomon N. Rabinovich (1859-1916), nascido na região ucraniana da Zona de Residência Judaica, e conta a história de uma família de mãe, pai e cinco filhas em idade de casar no século 19.

A trama é cheia de peripécias e belíssimas passagens de canto e dança, que se alternam com o drama dialogado.

Um das filhas se casa com um não-judeu e o pai vive a tensa ambiguidade entre manter a tradição endogâmica e negar a filha ou amá-la como sempre fez.

Julia Fajardo e Mayer/Foto Guido Melgar/Divulgação

A montagem constrói-se de pequenas tramas como essa, que mostram os problemas vividos pelos judeus de uma pequena aldeia às vésperas da Primeira Guerra Mundial.

José Mayer e Soraya Ravenle, como Tevye e Golda, protagonizam o cotidiano familiar com atuação impecável. Ele, leiteiro, ela, dona de casa.

Tudo nesse musical é medido e pensado, desde os objetos de cena até os cenários grandiosos, o figurino de época, a música em especial, com orquestra regida por Márcio Telles e direção musical de Marcelo Castro.

A crítica

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/31861-magnetismo-de-jose-mayer-conduz-novo-espetaculo.shtml

do articulista Alcino Leite Neto destaca com propriedade a interpretação dos atores e o estilo de José Mayer.

Chama a atenção o vaivém entre o canto e a fala de Mayer, que usa os pulmões e as cordas vocais como ferramentas para revelar a emoção ambivalente que percorre o espetáculo.

“Um Violinista no Telhado” é dirigido por Charles Möeller e tem a versão brasileira assinada por Claudio Botelho. O libreto é de Joseph Stein.

Fica até julho na capital paulista, no teatro Alfa, e vale um programa com os pré-adolescentes.

Link para serviços: http://www.teatroalfa.com.br/?q=node/226

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No museu Catavento, instalações lúdicas mostram Universo, os seres vivos e há máquinas para fazer experiências http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/04/03/no-museu-catavento-instalacoes-ludicas-mostram-universo-os-seres-vivos-e-ha-maquinas-para-fazer-experiencias/ http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/04/03/no-museu-catavento-instalacoes-ludicas-mostram-universo-os-seres-vivos-e-ha-maquinas-para-fazer-experiencias/#comments Tue, 03 Apr 2012 12:00:26 +0000 http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/?p=662 Continue lendo →]]>

Maquete do Sol na seção Universo do Catavento/Foto Roberto Silva/ Divulgação

O Catavento Cultural e Educacional é desses espaços interativos que deviam constar para visita na agenda das crianças a partir de sete anos, com regularidade.

A primeira sala, Universo, é a mais difícil, mas tão fascinante como as outras seções – Vida, Engenho e Sociedade.

Na antessala, há fotografias reais da paisagem lunar e, no chão, a pegada do astronauta Neil Armstrong, que pisou na Lua em 1969.

Na sala maior da seção Universo, o chão, as paredes e o teto estão repletos de informações nas diversas instalações. A gente conhece como surgiram o espaço sideral e a Terra.

Há pufes para sentar e olhar a instalação montada no teto, uma maquete do Sol, linha do tempo dos astros celestes, painel sobre telescópios e muito mais.

Observe as constelações no teto. Elas representam (são uma réplica) o céu de São Paulo em uma noite de inverno em dia 31/7, às 20h.

De acordo com a assessoria de impresa do espaço, os desenhos das constelações na instalação são baseados nas imagens geradas por um software de astronomia, chamado CyberSky.

Para conhecer outras cartas celestes, um monitor mostra em um computador as constelações vistas de vários pontos da Terra. Consegui ver a carta celeste dos índios tupis brasileiros.

Em uma engenhoca, é possível escolher para onde se quer ir e fazer uma viagem espacial simulada, por computador.

Na seção Engenho, os brinquedos ensinam. Há uma máquina de arrepiar os cabelos e outra em que você entra numa bolha de sabão.

Sala da seção Vida no museu interativo Catavento (SP)/Foto Bruno Mattos/Divulgação

Na seção Vida há aquários que mostram os animais marinhos.

Catavento promove atividades como contação de histórias, teatro e concertos de música clássica e popular.

No museu de ciência e tecnologia, do governo estadual paulista, você descobre que o parafuso é invenção do filósofo e pesquisador grego Arquimedes (287-212 a.C.).

Em março de 2012, o Catavento fez aniversário de três anos.

 Links para Catavento:

http://www.cataventocultural.org.br/home.asp

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Espetáculo francês mistura performance, circo e poesia no Sesc Interlagos http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/04/02/espetaculo-frances-mistura-performance-circo-e-poesia-no-sesc-interlagos/ http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/04/02/espetaculo-frances-mistura-performance-circo-e-poesia-no-sesc-interlagos/#comments Mon, 02 Apr 2012 12:00:17 +0000 http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/?p=618 Continue lendo →]]>

Cena da performance de Johann Le Guillerm/Fotos Philippe Cibille/Divulgação

Se você gosta de circo vale conferir o espetáculo ‘‘Secret’’. É uma performance de Johann Le Guillerm, do Cirque ici (letras minúsculas), nos dias 11/4, 12/4, 14/4 e 15/4, na arena do Sesc Interlagos.

O horário varia: quarta, quinta e sábado, às 20h, e domingo, às 18h30.

A performance é um gênero de arte híbrido que mistura linguagens, mas deixa entrever peculiaridades de cada uma delas no espetáculo.

Segundo o texto de divulgação do Sesc Interlagos, Le Guillerm é um inventor que pesquisa o circo, a ciência e a poesia. O artista criou a companhia francesa Cirque ici e o espetáculo ‘‘Secret’’ trata da relação da entre a  ‘‘matéria e o sonho’’.

Nas fotos e no vídeo, é possível observar como o artista manipula objetos dentro da lona e fica explícita a analogia com números circenses aéreos e de equilíbrio.

A performance ‘‘Secret’’ tem vários números e mostra ‘‘um circo em tensão entre a potência e a fragilidade’’.

A companhia francesa tem apoio do Festival d’Avignon, do Ministério da Cultura da França e de inúmeras entidades internacionais (leia algumas delas abaixo).

O site “Europapress.es” escreveu sobre “Secret”: “El francés Le Guillerm -equilibrista, manipulador y fabricante de objetos, galardonado con el Gran Premio Nacional del Circo en 1996- añadió que ‘Secret’ ‘trabaja con las prácticas minoritarias del circo y con las habilidades que están fuera de la naturaleza del hombre’, de modo que su objetivo es generar un ‘caos mental’ en el espectador a través de la ‘búsqueda del punto’ en sus movimientos”.

 Link:

http://www.europapress.es/galicia/noticia-cirque-ici-sera-protagonista-programa-cultural-santiago-enero-sera-especialmente-rico-musica-20091229151144.html

 O jornal ‘‘The Sydney Morning Herald’’ tece elogios a ‘‘Secret’’.

http://www.smh.com.au/news/arts-reviews/secret–cirque-ici/2008/01/16/1200419848940.html

 

Cena da performance de Johann Le Guillerm

 

Link do espetáculo “Partenariat” no Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=t_5o4mn6boI

 Ficha técnica

Concepção, direção do picadeiro e interpretação: Johann Le Guillerm. Interpretação musical: Guy Ajaguin. Iluminação: Manuel Majastre. Contrarregra de picadeiro: Franck Bonnot , Chloé Gazave e Zoé Jimenez. Concepção da luz: Hervé Gary. Construção do maquinário da luz: Silvain Ohl e Maryse Jaffrain. Criação musical: Guy Ajaguin e Yann Norry. Criação do figurino: Corinne Baudelot. “Execução” do figurino: Anaïs Abel. Execução dos calçados: Antoine Bolé. Estudos de viabilidade das esculturas de circo: Sylvain Beguin. Execução das esculturas do Cirque ici: Silvain Ohl, Maryse Jaffrain, Lucas de Staël, Jean Christophe Dumont, Jean-Marc Delanoye, Georges Matichard. Produção: Cirque ici – Johann le Guillerm. Produtores associados: Parc de La Villette; Le Channel – Scène Nationale de Calais ; Agora – Scène Conventionnée de Boulazac; Le  Carré Magique – Scène Conventionnée de Lannion. Cirque-Théâtre d’Elbeuf – Pôle National des Arts du Cirque de Haute-Normandie. Produção no Brasil: Cena Cult Produções.

 Link do Sesc para serviços:

http://www.sescsp.org.br/sesc/busca/index.cfm?unidadesdirector=52

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Piadas de palhaços ironizam textos bíblicos em “Mistero Buffo”, sem negar a existência de Deus http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/03/30/piadas-de-palhacos-ironizam-textos-biblicos-em-mistero-buffo-sem-negar-a-existencia-de-deus/ http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/03/30/piadas-de-palhacos-ironizam-textos-biblicos-em-mistero-buffo-sem-negar-a-existencia-de-deus/#respond Fri, 30 Mar 2012 12:00:02 +0000 http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/?p=565 Continue lendo →]]>

Domingos Montagner e Fernando Sampaio

Adultos e crianças mais velhas, de 11 e 12 anos, morrem de rir durante o espetáculo “Mistero Buffo”, da companhia de palhaços La Mínima, integrantes também do Circo Zanni, que, em geral, arma a lona uma vez por ano no Memorial da América Latina, na capital de São Paulo.

A peça usa gírias e palavrões para traduzir o texto corrosivo do dramaturgo Dario Fo, no qual é baseada, e faz piadas dos mistérios cristãos medievais, apresentados na forma satírica por trupes mambembes e comentados por jograis e bobos da corte nas praças e castelos.

Mas não há desrespeito à fé de ninguém, o tratamento é leve, no estilo das comédias do circo teatro, gênero famoso no Brasil até a década de 1960.

Para representar a história, há o músico e ator Fernando Paz e a dupla de palhaços do La Mínima. Formada por Fernando Sampaio e Domingos Montagner, o mérito do grupo é a excelência do trabalho de ator.

Os dois têm estilos diferentes. Ambos dominam a arte de transformar o que seria a crítica aos problemas sociais em piadas de palhaços.

No prólogo, Montagner explica que os mistérios religiosos tratados em cena não têm intenção de desrespeitar ou combater os dogmas abordados, mas de enfocá-los através de piadas leves, como as dos jograis históricos e as dos números de cortina, ou seja, na forma que os palhaços realizam no circo nos intervalos entre atrações de equilibrismo ou trapézio.

Fernando Sampaio provoca humor como ninguém quando executa um sistema bem particular de ações, com gestos e expressões faciais que preenchem o palco. Seus personagens ganham traços emotivos e suas falas explicam minuciosamente a situação vivida na maioria das cenas da peça, como se fosse uma tradução da ação.

Domingos Montagner usa mais a construção racional de seus papéis, desde as explicações introdutórias sobre a dramaturgia -momentos em que fala da simbologia de “Mistero Buffo”, como a atitude dos jograis que exploravam o gênero- até quando improvisa com pessoas do público convidadas a participar de cenas.

Domingos Montagner e Fernando Sampaio

Domingos e Fernando têm agilidade física e as palhaçadas envolvem saltos, cambalhotas, quedas e encontrões bem divertidos.

Outro dos vários pontos altos do espetáculo é a encenação bufa -de palhaço-, ou profana, do milagre de Cristo de fazer um cego voltar a enxergar e um paralítico recuperar os movimentos.

Os dois personagens portadores de deficiência se aliam para superar as limitações de visão e de movimento e se preocupam quando ouvem falar de um tal Jesus,  que lhes daria a cura.

Como continuar então a pedir esmolas pelo mundo? Para que retornar ao trabalho se esmolar os situa na zona de conforto?

“Não quero ser ajudado, não podemos sofrer a desgraça de sermos curados”, diz Sampaio no papel do paralítico.

Na ponta oposta, Montagner é irônico ao representar o cego e toma distância crítica até do próprio personagem: “Vai trabalhar, vagabundo… vamos pra Brasília…”, diz, e debocha da corrupção e do trânsito.

O livreto do atual espetáculo informa que se trata da moralidade “O Cego e o Estropiado”, do século 14, registrada pelo jogral Jean Lavy.

A inversão dos desejos deles em relação ao relato do texto sagrado é a mola da comicidade, o trocadilho-chave, mas as referências ao presente histórico também são catárticas.

Os personagens negam o milagre, embora clamem por São Cristóvão. Essa é a lógica de “Mistero Buffo”, peça adaptada do drama político de título homônimo, do italiano Dario Fo, de 1969, que sofreu alterações em seus monólogos devido aos improvisos nas apresentações realizadas.

Após cada cena, Domingos Montagner faz pausas no espetáculo e explica o próximo episódio. Os atores usam a linguagem do teatro para tomar distância da encenação, comentando-a, em bom recurso de direção.

A peça apresenta quatro mistérios: “A Ressurreição de Lázaro”, “O Cego e o Paralítico”, “O Louco e a Morte” e “O Louco aos Pés da Cruz”.

Ao lado do engraçadíssimo músico Fernando Paz, que realiza ao vivo a trilha sonora, os palhaços do La Mínima se trombam, tropeçam em trapalhadas e atrapalhações e ainda fazem cenas com mímica.

Domingos Montagner, Fernando Sampaio e Fernando Paz

O espetáculo tem direção de Neyde Veneziano, que soube ajustar a linguagem do circo ao modo de atuação híbrido, típico dos artistas contemporâneos.

Veneziano dirigiu “Arlecchino” (1988), também de Dario Fo, entre outras peças desse ganhador do Prêmio Nobel de Literatura (de 1997), e tem um livro sobre o dramaturgo, “A Cena de Dario Fo: O Exercício da Imaginação” (Nobel).

Em cartaz no teatro do Sesi: http://www.sesisp.org.br/cultura/teatro/mistero-buffo.html

 Ficha técnica

Direção: Neyde Veneziano. Elenco: Domingos Montagner, Fernando Sampaio e Fernando Paz. Tradução: Neyde Veneziano e André Carrico. Direção mímica: Álvaro Assad. Direção musical: Marcelo Pellegrini. Cenografia: Domingos Montagner. Figurino: Inês Sacay. Adereços: Maria Cecília Meyer. Iluminação: Wagner Freire. Produção visual: Sato. Assistência de direção: Ioneis Lima. Administração: Luciana Lima. Concepção: La Mínima. Produção executiva: Fabiana Esposito.

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Acrobacias aéreas para representar Prometeu no teatro http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/03/07/acrobacias-aereas-para-representar-prometeu-no-teatro/ http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/2012/03/07/acrobacias-aereas-para-representar-prometeu-no-teatro/#comments Wed, 07 Mar 2012 12:00:15 +0000 http://monicarodriguesdacosta.blogfolha.uol.com.br/?p=230 Continue lendo →]]>

Ricardo Rodrigues, no papel de Prometeu/Foto: Layza Vasconcelos/Divulgação

Para comemorar aniversário de 24 anos,  a cia. Circo Mínimo realiza mostra de repertório. Entre as peças, “Prometeu”, adaptação de texto do grego Ésquilo (525-455 a.C.) por Rodrigo Matheus, diretor artístico da companhia. O espetáculo estreou em 1993. A direção é de Cristiane Paoli Quito.

Lembro-me de ter visto Matheus no papel do protagonista em apresentação de “Prometeu” no Festival de São José do Rio Preto nos anos 90. Seus voos circenses eram de craque.

Segue o link para programação e peças do grupo: http://www.circominimo.com.br/

O espetáculo solo, desde 2009 interpretado por Ricardo Rodrigues, continua a se destacar pela tradução da dramatúrgia em ação -número aéreo do picadeiro. São 50 minutos no ar.

“Prometeu” adota economia de meios. A começar pelo cenário, feito de cordas e por duas imensas placas de ferro que simbolizam o trabalho dos homens com os metais a partir do uso do fogo que o herói da tragédia apresentou a eles. Assinam a cenografia Atílio Belline Vaz e Caterine Alonso.

O número aéreo representa o embate do personagem nos rochedos, onde Prometeu foi preso por castigo de Zeus. Ele sabia demais sobre a vida do deus do Olimpo, além de ter oferecido o fogo à humanidade.

Ricardo Rodrigues escala cordas ásperas, tentando se livrar delas, enquanto comenta o destino trágico e realiza as acrobacias.

A trilha sonora varia de acordo com a emoção do personagem, sempre alternada com as falas. É possível ouvir a respiração do ator.

O monólogo revela o ódio contra a injustiça divina e a mágoa pela condição em que Prometeu se encontra: acorrentado em nome da raça humana, ultrajado, logo ele, “o previdente, mestre das ciências e das artes, enquanto os homens estão perdidos dentro de si mesmos”.

Prometeu faz um discurso violento, como a ira selvagem das águas contra os rochedos durante as tempestades.

 Indicação do espetáculo: para crianças a partir de dez anos, acompanhadas de seus pais.

 

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