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Mônica Rodrigues da Costa

Comentários culturais para crianças e adultos lerem juntos

Perfil Comentários e dicas culturais, literatura, teatro, HQ, circo, cinema, artes plásticas, entre outras

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Esculturas de bronze modelam os objetos do mundo

Por Mônica Rodrigues da Costa
08/03/12 09:00

“Depois da Chuva”, de Sidney Amaral (2012). Peça em bronze (30x23x29cm) /Divulgação

A escultura “Depois da Chuva” (acima), de Sidney Amaral, evoca em desenho infantil a violenta coroa de Jesus Cristo nos momentos da crucificação, ele tropeçando em si mesmo no calvário, portando nas costas a própria ferramenta de morte.

Casa condensada com a matéria espinhosa do roseiral, (outro) símbolo da defesa da flor, cravado na prateleira dos livros de filosofia na estante de alguém.

É uma “imagem-valise” feita da simbologia imaterial do espinho, uma ideia, + (combinada com) uma coisa concreta: uma casinha de brinquedo. O resultado mistura impacto e encantamento.

Explico o que é “palavra-valise” em texto sobre a atual exposição de Amaral, relacionando algumas esculturas dele às histórias de Lewis Carroll. Link: http://www.centralgaleriadearte.com/Expos/2012_03/Expo_home.html

As esculturas de Sidney Amaral sonham o cotidiano. Num só objeto dourado, a obra abaixo, “Sem Título” (2012), contém o mundo doméstico que nos cerca: o garfo de comer, a bombinha de leite de mamar, a calçadeira de sapatos do bisavô.

Escultura sem título (2012), de Amaral (bronze polido) /Divulgação

Um reobjeto para desenfeitar o quarto, como se tivesse vindo de um dos parques da Disney  (irônico).

Algumas obras desse artista trazem temas violentos. É importante uma conversa entre pais e filhos sobre elas.

Na escultura abaixo, “A Família” (2012), singelos bonequinhos moldados em bronze representam as pessoas, só que os pais-parafusos estão presos na engrenagem. Apesar de bonita, a obra transmite impasse e dor.

“A Família” (2012), de Sidney Amaral, em bronze polido/Divulgação

Link para a obra de Sidney Amaral: http://www.centralgaleriadearte.com/a_amaral/home.php

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Acrobacias aéreas para representar Prometeu no teatro

Por Mônica Rodrigues da Costa
07/03/12 09:00

Ricardo Rodrigues, no papel de Prometeu/Foto: Layza Vasconcelos/Divulgação

Para comemorar aniversário de 24 anos,  a cia. Circo Mínimo realiza mostra de repertório. Entre as peças, “Prometeu”, adaptação de texto do grego Ésquilo (525-455 a.C.) por Rodrigo Matheus, diretor artístico da companhia. O espetáculo estreou em 1993. A direção é de Cristiane Paoli Quito.

Lembro-me de ter visto Matheus no papel do protagonista em apresentação de “Prometeu” no Festival de São José do Rio Preto nos anos 90. Seus voos circenses eram de craque.

Segue o link para programação e peças do grupo: http://www.circominimo.com.br/

O espetáculo solo, desde 2009 interpretado por Ricardo Rodrigues, continua a se destacar pela tradução da dramatúrgia em ação -número aéreo do picadeiro. São 50 minutos no ar.

“Prometeu” adota economia de meios. A começar pelo cenário, feito de cordas e por duas imensas placas de ferro que simbolizam o trabalho dos homens com os metais a partir do uso do fogo que o herói da tragédia apresentou a eles. Assinam a cenografia Atílio Belline Vaz e Caterine Alonso.

O número aéreo representa o embate do personagem nos rochedos, onde Prometeu foi preso por castigo de Zeus. Ele sabia demais sobre a vida do deus do Olimpo, além de ter oferecido o fogo à humanidade.

Ricardo Rodrigues escala cordas ásperas, tentando se livrar delas, enquanto comenta o destino trágico e realiza as acrobacias.

A trilha sonora varia de acordo com a emoção do personagem, sempre alternada com as falas. É possível ouvir a respiração do ator.

O monólogo revela o ódio contra a injustiça divina e a mágoa pela condição em que Prometeu se encontra: acorrentado em nome da raça humana, ultrajado, logo ele, “o previdente, mestre das ciências e das artes, enquanto os homens estão perdidos dentro de si mesmos”.

Prometeu faz um discurso violento, como a ira selvagem das águas contra os rochedos durante as tempestades.

 Indicação do espetáculo: para crianças a partir de dez anos, acompanhadas de seus pais.

 

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Livro-brinquedo explora função poética do objeto-livro, do computador e da ação de jogar

Por Mônica Rodrigues da Costa
05/03/12 00:01

Capa do livro “Aperte Aqui”, do francês Hervé Tullet/ Divulgação

O livro “Aperte Aqui”, do francês Hervé Tullet, tem um mínimo de signos e um monte de significações. Logo se percebe que o autor só podia ser desenhista, colorista, ilustrador e, sobretudo, conhecedor de tecnologias e suas poéticas.

“Aperte Aqui”, da editora Ática (2011), traz uma brincadeira em que o leitor combina um pacto de suspensão da crença com o narrador, que comanda as ações de quem lê.

Quem está com “Aperte Aqui” em mãos precisa agir: apertar bolinhas, tocá-las de leve ou “clicar” nelas repetidamente para que mudem de cor, de lugar, multipliquem-se ou quase desapareçam das páginas.

É possível “clicar” num objeto dentro de um livro?

A brincadeira é essa. O livro faz de conta que o leitor está diante do computador ou engenhoca do tipo touch screen, em interação com o suporte de leitura. O trocadilho poético entre dois meios de comunicação é parte do jogo.

O site de Hervé Tullet mostra bem a razão pela qual o artista é conhecido como o “príncipe da pré-escola”. Há mostras de instalações e eventos com leitores. Tullet já publicou em duas dezenas de países segundo o site. Veja animações curtinhas, como “Blop!”

Link: http://www.herve-tullet.com/fr/boite-30/Blop-films.html

Conforme a capa acima, o design de “Aperte Aqui” é minimalista: em somente três bolinhas, Tullet usa três cores, separadamente, na grande maioria das páginas.

No site, há ainda vídeo com crianças durante leitura: http://www.herve-tullet.com/fr/boite-11/Un-Livre.html

Verbivocovisual

“Aperte Aqui” só falta cantar ou falar para ser “verbivocovisual”, expressão usada por Augusto de Campos a partir dos anos de 1950 para explicar um dos principais procedimentos de sua poesia.

O termo vem de “Klangfarbenmelodie”, ou “melodia de timbres”, de Anton Webern. O poeta paulistano adotou a poética verbivocovisual em “Poetamenos” (1953) e explorou engenhosamente o objeto livro em obras diferentes.

Fragmento “Lygia Fingers”/Reprodução

 

Site de Augusto de Campos: http://www2.uol.com.br/augustodecampos/home.htm

 

Função poética

Função poética não é um bicho de sete cabeças. Toda linguagem tem essa função, de realizar truques ou efeitos e pode se combinar com códigos de naturezas diferentes: a linguagem verbal escrita, a linguagem do computador, a da TV, a do videogame, a linguagem do design. O teórico Roman Jakobson ajuda a entender a função poética, mas essa é outra história.

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Conheça quadrinhos de “Pow!”

Por Mônica Rodrigues da Costa
04/03/12 07:00

 Todos os sábados e domingos, você vai ver neste blog a tira de histórias em quadrinhos “Pow!”, criada com exclusividade pelo ilustrador Fernando Anhê. Confira.

Pow! é uma criatura composta por apenas duas cabeças: uma delas pensa e a outra é irracional. São seres antagônicos que vivem dentro de uma só criatura. A cabeça do alto pensa e a outra é pura emoção e também intuição. Dois personagens em conflito, mas inseparáveis, prisioneiros de uma guerra íntima. Pow! é uma onomatopeia que imita som de impacto e representa o conflito entre esses dois seres em um.

 Quem é o autor da tira de HQ

Fernando Anhê é artista plástico formado pela ECA/USP, cenógrafo, figurinista, diretor de teatro, com montagens de teatro de animação com objetos, sob luz negra.

Colaborou para publicações como “Veja”, “Leia” e “AZ” e recebeu o 18º Prêmio Abril de Jornalismo (1993); o Prêmio Nássara (1989); o 1º. Prêmio do Salão de Humor de Volta Redonda (1986), além de Menção Honrosa no Salão Bunkyo de S. Paulo (1991).

Em 1999, criou a cia. Imago. Anhê realizou cenários e figurinos para as óperas “O Menino e os Sortilégios” (de Ravel; em 2011), “João e Maria” (2002) e “A Flauta Mágica (de Mozart, em 2003), entre outras.

Adaptou as peças “Pedro e o Lobo” (de Prokofiev, em 2004) e “Carnaval dos Animais” (Saint-Säens, em 2011). Tem criações próprias, como o espetáculo “Espias” (1997). Anhê e a cia. Imago receberam prêmios como APCA (2004), Femsa (2004) e Apetesp (2000).

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Bruxa Morgana no teatro atrai com história do Brasil

Por Mônica Rodrigues da Costa
03/03/12 07:00

Rosi Campos como a Bruxa Morgana. Foto: Ary Brandi/Divulgação

A Bruxa Morgana virou lenda contemporânea no imaginário brasileiro, graças ao programa da TV Cultura “O Castelo Rá-Tim-Bum” (1994-1997), dirigido por Cao Hamburger, e depois sua figura se desdobrou em espetáculos de teatro e filmes, como o de Hamburger (2000), além de ter virado revistas e livros infantis.

Esses produtos culturais divertiram muitas crianças. A peça “A Saga da Bruxa Morgana e a Família Real” (direção de Christiane Tricerri, do Teatro do Ornitorrinco) tem a mesma ambição. Como é bem construída, já deve ser sucesso entre elas hoje.

Muito dessa construção se deve a José de Anchieta (também trabalhou no Ornitorrinco), autor dos figurinos e cenários.

A primeira vantagem da montagem é o acerto da história, cuja trama envolve como protagonista a bruxa boa e “inventadeira”, em tom de comédia leve (texto de Alonso Alvarez).

No drama televisivo original, a empatia é garantida de imediato pela forma afetiva com que Morgana trata o afilhado Nino – aprendiz de feiticeiro – e seus amigos.

Representada pela atriz Rosi Campos também na peça atual, Morgana igualmente se mostra conciliadora e espirituosa. Resolve conflitos com tranquilidade e tem ideias infalíveis contra as bruxas do mal. Rosi Campos domina a cena. Domina o imprevisto da aventura. Isso provoca alívio na plateia, que sabe que onde há uma bruxa, boa ou má, há encrenca.

Desta vez, Morgana precisa proteger o livro mágico dos bruxos, transportado pela corte portuguesa ao Brasil junto com a biblioteca real, sob a responsabilidade do bruxo amigo Mindlin.

A peça vira brincadeira de decifrar semelhanças entre a trama e a história para quem sabe da existência do colecionador de livros raros José Mindlin (1914-2010), que deixou como herança para a capital paulista o tesouro de cerca de 40 mil volumes, sob a guarda da Universidade de São Paulo.

A segunda vantagem do espetáculo, entre outras, é explicar a história com a familiaridade de alguém que lê um livro ilustrado ou HQ. Aventuras ganham vida no castelo da Morgana, que foi edificado no Brasil e é refúgio da família real portuguesa no período colonial.

O jogo ficcional com os fatos históricos recebe eficaz tratamento dramático. É engraçado ver em cenas de salão palacianas ou na intimidade da cozinha da bruxa as figuras de dom João e o filho Pedro, Carlota Joaquina e a rainha Maria, chamada de “a louca”.

Em cartaz na cidade de São Paulo, no Teatro Raul Cortez, até o final de maio deste ano. Link:

www.fecomercio.com.br/?option=com_institucional&view=interna&Itemid=28

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"A Invenção de Hugo Cabret" - Mundo imersivo de Martin Scorsese

Por Mônica Rodrigues da Costa
02/03/12 09:00

Asa Butterfield e Jude Law como pai e filho no filme

Com direção de Martin Scorsese, o filme “A Invenção de Hugo Cabret” nos leva para o interior de uma estação de trem. Através dos óculos para 3D, o espectador se vê imerso entre as pessoas no atropelamento da chegada e saída de passageiros, além de subir escadas metálicas escalando grandes alturas, diante de engenhocas que fazem funcionar os relógios da estação e soltam fumaça.

É o cenário do dia a dia de Hugo Cabret que entrevemos através das construções em ferro, o menino regulando relógios para que nunca atrasem. Ele está fixado em consertar um autômato (robô), atividade que realizava com o pai antes de ficar órfão.

A perspectiva é profunda. Entramos no coração do enredo. O menino sonha que virou um mecanismo. O filme revela a máquina de fazer sonhar, fabricar ilusões. Mas as cenas parecem reais, como os livros da biblioteca e os brinquedos da loja da estação, dos anos de 1930.

Segue um link de créditos e onde ver o filme. http://guia1.folha.com.br/guia/cinema/infantil/1330301/a_invencao_de_hugo_cabret

Você sai do cinema querendo saber tudo sobre o francês Georges Méliès (1861-1938), mágico – ilusionista – que contribuiu para o desenvolvimento dos filmes de ficção científica.

No enredo, esse francês vira personagem e fica amigo do Hugo.

Em 1895, Georges Méliès conheceu o cinema numa atração do circo. Ele prestou homenagem a truques ilusionistas em seus filmes. Diversas reportagens na Folha contam sobre as técnicas de filmar dele.

Em “Uma Viagem à Lua” (1902), baseado em obras de Júlio Verne e H.G. Wells, homens explodem e viram pó. Como Méliès conseguia? Em sua época não existia computador.

O cineasta Martin Scorsese, diretor do filme “A Invenção de Hugo Cabret”, falou ao jornalista Vaguinaldo Marinheiro (Folha de 17/2/12) sobre o momento em que o diretor reconhece que pratica a arqueologia da mídia, que é uma abordagem adotada por Siegfried Zielinski e significa “atividade filosófica”:

“‘O 3D é o futuro do cinema, mas é bom lembrar que ele vem lá do passado. O próprio Méliès já buscava algo parecido no início do século 20. Na verdade, há dois minutos de um dos seus filmes, ‘Le Cake-Walk Infernal’ [1903], filmados com duas câmeras simultaneamente, que já é um precursor da técnica. Ele caminhava para isso”, disse Scorsese durante entrevista à Folha no final do ano passado em Londres.”

Link: www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/26231-a-invencao-de-melies.shtml

Filme A INVENÇÃO DE HUGO CABRET (Hugo) EUA, 2011. Direção: Martin Scorsese. Com: Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz e Christopher Lee. 125 min. Livre.

 

Cartum de Fernando Anhê

 

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A comédia “PPP@WllmShkspr.Br” mistura teatro e circo e tem chance de agradar aos adolescentes

Por Mônica Rodrigues da Costa
01/03/12 00:48

 

Os atores Raul Barretto, Hugo Possolo e Alexandre Bamba/Crédito: Luiz Doroneto

A formação intelectual dos filhos inclui o autor canônico William Shakespeare (1564-1616). Seus dramas, apesar de conter passagens cruéis, ensinam sobre a competitividade e outras consideradas fraquezas humanas, misturam o belo e o terrível e, sobretudo, ensinam literatura.

O crítico Harold Bloom destaca a construção do personagem pelo dramaturgo, autor de “Romeu e Julieta”. Bloom escreveu que Hamlet é a inteligência de todos nós.

Para adolescentes, a sugestão é que pais e filhos vejam juntos a comédia “PPP @ WllmShkspr.BR” (1998), peça adaptada pelo grupo Parlapatões, que tem a ambição de ser o resumo de todas as peças que Shakespeare escreveu.

“PPP @ WllmShkspr.BR” tem palavrão e piada suja e pesada, que não é a do elefante que caiu na lama. Mas é uma forma divertida de apresentar bom teatro, que leva a uma das melhores obras escritas em versos.

Novamente em cartaz em 2012, “PPP @ WllmShkspr.BR” aborda enredos monstruosos, como o de “Tito Andrônico”, com cenas de canibalismo, e o de “Otelo”, sobre o general que mata por ciúme.

“Otelo” descreve a inteligência ardilosa do personagem Iago, que trai o comandante e o induz a assassinar a mulher, Desdêmona. A tragédia ocorreu porque faltou a Otelo a percepção de que era enganado por Iago, seu subordinado próximo.

O tratamento cômico das obras de Shakespeare pelos números de palhaços em “PPP @ WllmShkspr.BR” dessacraliza a obra e a devolve ao contexto popular. O público morre de rir com os trocadilhos espertos e com a participação da plateia no espetáculo.

Os atores Raul Barretto, Hugo Possolo e Alexandre Bamba estão afiados e atrapalham tudo: erram fatos históricos, transformam versos de Shakespeare em slogans publicitários.

No momento em que os três palhaços interpretam “Tito Andrônico”, um deles fala: “Shakespeare fazendo das tripas diversão”.

O narrador da cena de “Hamlet” diz: “Cai a noite”. Todo mundo ouve o barulho da queda às gargalhadas. Essa estrutura tradutória permeia todo o espetáculo.

Na cena com “Otelo”, um dos atores comenta que o Brasil é um celeiro de atores negros, e o elenco apresenta um rap. A paródia desse gênero de música e dança é hilária.

Trata-se da remontagem de “A Obra Completa de William Shakespeare em Versão Abreviada” (“The Complet Works of William Shakespeare – Abridged”), criação dos americanos Adam Long, Jess Borgeson e Daniel Singer. A tradução do texto é da especialista no autor Barbara Heliodora e a direção, de Emílio Di Biasi.

Link dos Parlapatões:  http://parlapatoes.com.br/

Link para ver quando o espetáculo está em cartaz: http://espacoparlapatoes.com.br/

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Rei Lear é o bobo do rei – Shakespeare para crianças no teatro

Por Mônica Rodrigues da Costa
29/02/12 09:00

Anderson Spada (Regane) e Val Pires (Goneril) como as filhas do rei. Crédito: Ivson/Divulgação

“O Bobo do Rei” (da Cia. Vagalum Tum Tum) usa a arte popular para construir drama cômico-lírico, adaptado da tragédia “Rei Lear”, de William Shakespeare (1554-1616), sobre as irmãs que herdam o reino de Lear quando o pai em vida divide as terras entre as filhas.

Nada melhor do que colocar duas pequenas tendas de circo compondo o cenário (de Marco Lima) logo no primeiro plano de observação do espectador. Isso porque o circo nasceu da commedia del’ arte, tanto como em picadeiros com números com cavalos, e os bobos da corte sãos palhaços.

Depois que o rei deserda a filha caçula, as tendas são os castelos das duas filhas de Lear que herdam o reino e abandonam o pai. Os atores Anderson Spada, que representa Regane, e Val Pires (Goneril) não têm medo de fazer papel de maus e são muito engraçados como as irmãs cruéis.

Para proteger o pai, a filha mais nova, Cordélia (Tereza Gontijo), fingindo-se de um bobo da corte sem trabalho, vaga com o bobo do rei seu pai (Davi Taiu) pelo mundo. Gontijo capricha na interpretação emocionada, que só não é clichê porque tudo vira motivo de piada nessa peça.

O figurino colorido e rústico evoca a arte de rua medieval. Tão medieval que lembra o artesanato popular do Nordeste. Entre outros objetos de cena, a carroça que serve para representar o exército de Lear, protagonista de “O Bobo do Rei” (2010), é feita de cabeças de mamulengos.

A peça tem texto e direção de Angelo Brandini.

Em cartaz até 1/4 no teatro Eva Herz na cidade de São Paulo – na Livraria Cultura do Conjunto Nacional – segue o link: www.livrariacultura.com.br/teatro/?l=pecas

Tereza Gontijo (Cordélia) e Davi Taiu (rei Lear)

 

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"A Invenção de Hugo Cabret" brinca com a ilusão de narrar

Por Mônica Rodrigues da Costa
28/02/12 00:01

 

Asa Butterfield como Hugo Cabret

“A Invenção de Hugo Cabret” é uma brincadeira com a criação da imagem no cinema. Emociona ver o filme em 3D com as primeiras construções do ilusionista Georges Méliès (1861-1938) para produzir filmes fantásticos, encenados com atores num teatro, com truques da linguagem da animação.

O filme é uma homenagem à reinvenção da narrativa pelo cinema, que revolucionou o gênero literário para sempre. O escritor e crítico Maurice Blanchot (1907-2003) escreveu que Ulisses –paradigma da narrativa literária clássica– matou a arte de narrar [na literatura] ao sobreviver ao canto das sereias em um episódio de seu périplo.

O raciocínio de Blanchot foi o seguinte: ninguém sobrevive ao canto mavioso das sereias. Mas Ulisses voltou para contar a história e simbolicamente esse retorno adormeceu a narrativa. O argumento é que, para vencer, Ulisses armou-se de tecnologia: prendeu-se ao mastro do navio, pôs cera nos ouvidos, entre outras artimanhas.

 “A Invenção de Hugo Cabret” mostra a técnica atual a serviço da recuperação dos efeitos poéticos da tecnologia conquistados com a invenção do cinema de ficção. Por isso, ver esse filme em 3D é duplamente revelador, do passado e do futuro.

Tudo no filme se amarra ao tique-taque do relógio. A vida do menino regulando as engrenagens das máquinas da estação e perambulando entre os passantes. A trilha sonora volteada, um arabesco de Debussy, ou Satie, tudo bem, para os mais velhos as composições desses autores são quase hits, mas crianças e jovens não conhecem esses músicos nem a infância do início do século 20.

Quando estamos no cinema, perguntamo-nos se a história é real ou não. Os personagens Georges Méliès e a esposa atriz visitam um circo e conhecem a máquina de filmar, inventada pelos irmãos Lumière.

Ele vende o que tem e constrói um estúdio para realizar filmes que mostram sereias, o fundo do mar, guerreiros em luta com dragões. Vem a guerra, destrói tudo. Méliès sobrevive com uma loja de brinquedos nessa estação ferroviária.

Época da máquina a vapor, o planeta pulsa com a maria-fumaça. O espectador segue os passos do garoto Hugo Cabret, em interpretação arrebatadora do ator Asa Butterfield (do filme “O Menino do Pijama Listrado”). Ele herda do pai, morto recentemente, um autômato que vai aproximá-lo do cineasta Méliès.

O filme é dirigido por Martin Scorsese, que adaptou o enredo e os desenhos do livro “A Invenção de Hugo Cabret” (ed. SM; 2007), de Brian Selznick.

Ilustração: Fernando Anhê

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