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Mônica Rodrigues da Costa

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Palavras sobre as poéticas de Arnaldo Antunes

Por Mônica Rodrigues da Costa
26/03/12 07:55

O artista multimídia -está mais na moda o termo “transmídia”- Arnaldo Antunes, do palco, do rock, da MPB e da literatura, com CDs, livros, vídeos e filmes, DVDs, cartazes e instalações, explora os suportes que veiculam palavra, som, voz, imagens, grafismos. Manipula códigos e linguagens. Realiza poéticas que se estendem de uma mídia para outra e subverte sentidos.

Dialoga com as linguagens de ruptura das vanguardas históricas -final do século 19 até anos de 1950- e retoma o fio de Ariadne da literatura em seu curso no tempo.

Falar o canto e cantar o verso

Desde o livro “Psia” (Expressão, 1986), apresenta esse modo de narrativas múltiplas. Ícones pops e palavras de ordem se desautomatizam, o poeta devolve os signos urbanos a quem passa na rua ou vai ao cinema.

 “n.d.a.”, título de seu livro mais recente, é anagrama ou espelho de “DNA” e “nada” e experimentação ao estilo de Duchamp.

Antunes fez certos poemas da forma como as trepadeiras ocupam as paredes do jardim. 

Poema "Crescer"

“n.d.a” (Iluminuras, 2010) parece explorar em vários poemas o procedimento probabilístico de Marcel Duchamp. Mistura linguagens ao produzir poemas gráficos, como os da série de mãos pré-fabricadas, um trocadilho com “hand-made”. A mão-coisa que se faz e desfaz faz parte do homem-coisa e do nome das coisas, objeto de sua arte.

Nos poemas fotográficos, “ready-mades”, achados poéticos falam “das coisas como são”.

 

Capa do livro de Arnaldo Antunes

Tradição

Sua linguagem dialoga com a tradição e com a vanguarda, da poesia concreta, do tropicalismo, da pop art. Relaciona-se com Cummings, Joyce, Cabral, Drummond.

A obra de Arnaldo Antunes está composta por uma linguagem que  representa o Homo semioticus no dizer do poeta Décio Pignatari. Isso quer dizer que o ser humano é sua própria representação em signos, em linguagens das mídias impressa, televisiva e da web, com as quais se lida na trilha sonora do cotidiano, no ofício diário dos escritórios e nos cruzamentos das ruas.

Ao mesmo tempo, intimidade com o sentido. Além da forma plástica, o poeta reformula as próprias “fôrmas” com que modula signos gráficos. É o caso de “ABC”.

Link: http://www.youtube.com/watch?v=B9kUUsqEawY&feature=related

 

A poesia de Antunes é pós-industrial, pós-natureza, uma ironia à era da manipulação do DNA.

Para o filósofo Slavoj Zizek, a ameaça biogenética é uma versão nova e muito mais radical do fim da história que mina os próprios fundamentos da democracia liberal, os avanços científicos e tornam obsoleto o sujeito liberal-democrata livre e autônomo.

Arnaldo Antunes toca neste ponto com suas poéticas.

 Quando põe em cheque a expressão “DNA” e sua relação com a palavra nada, a poesia de Arnaldo Antunes contrapõe-se ao autômato que Zizek afirma que é no que o homem está prestes a se transformar.

Como poesia é mistério, há a chance de resultar em “nenhuma das [respostas] anteriores”.

 

Link da Iluminuras: http://www.iluminuras.com.br/v1/

 

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Comentários

  1. Rods Bertuzzi comentou em 26/03/12 at 8:10

    Mônica, ótimo post, meus parabéns. A arte de Antunes sempre me encanta, tal como muito da poesia concreta. O livro entra na minha lista para antes do fim do mundo.

    • Mônica Rodrigues da Costa comentou em 26/03/12 at 9:19

      Grata, pela leitura, Rods

  2. Alena Cairo comentou em 26/03/12 at 11:03

    Ótima leitura de Arnaldo, Mônica. Texto inteligente e bem construído, amei a conclusão, bem ao estilo arnaldo.

    Abraço!

    • Mônica Rodrigues da Costa comentou em 27/03/12 at 1:18

      Legal, Alana, bom te ver por aqui. bj

  3. Luís Paulo comentou em 26/03/12 at 12:53

    Um dos meu artistas favoritos, e professores também. Ótimo texto Profª Mônica, tenha uma ótima semana.

    • Mônica Rodrigues da Costa comentou em 27/03/12 at 1:17

      Grata pela leitura, Luís Paulo!

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