Vida e obra da poeta Pagu narrada para adolescentes
19/03/12 09:00“A Luta de Cada Um – Pagu”, de Lia Zatz (Callis, 2005), é um livro corajoso porque escolheu um assunto que não diz respeito ao repertório juvenil.
Lia Zatz introduz com leveza a vida e a obra de Pagu a esse público para quem o livro é recomendado em sua edição. Um adolescente de 13 a 14 consegue compreender o que é transmitido com facilidade.
Patrícia Galvão (1910-1962), ou Pagu, é a poeta da Antropofagia, movimento estético liderado por Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Raul Bopp.
Pagu pergunta em um de seus primeiros trabalhos, um poema em forma de história em quadrinhos: “Va e ver si estou na esquina…”.
Casada com Oswald de Andrade e depois com Geraldo Ferraz, Pagu foi redescoberta para a geração dos jovens nos anos de 1960 e 1970 por Augusto de Campos, que gostou dos poemas publicados por Solange Sohl, um dos tantos pseudônimos de Pagu.
Campos foi um dos pioneiros em revelar a poesia e a vida acidentada da artista, que se notabilizou no cinema e depois na minissérie da Rede Globo.
O livro da Lia Zatz contextualiza os fatos históricos e romanceia a biografia da escritora, também jornalista. Pagu se envolveu com o Partido Comunista, que a abandonou à própria sorte. Foi presa e deportada “pra Itália ou pra Alemanha”. Ficou muitos anos na prisão.
A protagonista do livro de Zatz, Telma, é uma catadora que descobre a vida de Pagu por meio de documentos que recolhe no lixo. Telma resolve fazer um álbum, selecionando do material histórico encontrado fotos, desenhos, ilustrações, frases e poemas de Patrícia Galvão e seus contemporâneos.
Com diagramação atraente e em linguagem coloquial fluente, Lia Zatz fala também de um dos primeiros romances operários no Brasil, “Parque Industrial”, escrito pela biografada, sob o pseudônimo de Mara Lobo.
Relata ainda a participação de Pagu nos encontros culturais com Mário de Andrade, Anita Malfatti e muitos outros modernistas.